segunda-feira, junho 12, 2006

Onde está o conteúdo?

Há quem defenda os tablóides por estes serem mais compactos e terem matérias mais enxutas. Com isso, torna-se possível ler todo o jornal em pouco tempo. O que não ocorre com um jornal convencional, onde é praticamente impossível lê-lo completamente em apenas algumas horas, gerando no leitor do tablóide a sensação de estar se informando sobre diversos fatos e atualizando-se constantemente.

O problema é que as notícias além de não permitirem ao leitor formar uma opinião devida sobre o assunto tratado, também não informam sobre os temas de relevância para o cotidiano da sociedade. Não encontramos em nenhum dos dois tablóides (AQUI e SUPER NOTÍCIAS) reportagens ou mesmo notas sobre política, economia e cultura (com exceção de filmes em cartaz nos principais cinemas e resumos e fofocas de novelas).

Qual a importância de saber que um pipoqueiro foi assassinado com 17 facadas no ventrículo esquerdo, na parte posterior do coração? Ou que houve um acidente de carro na entrada de Belo Horizonte onde uma carreta esmagou um Fusca e dilacerou o pescoço do passageiro do mesmo que agonizou durante 30 minutos e 17 segundos até finalmente falecer?

Mostrar detalhes de assaltos e mortes não é notícia relevante, o importante é termos notícias que mostrem os dados em si, as estatísticas, as causas, mas acima de tudo: assuntos de grande impacto na sociedade, assuntos que mexem diretamente com a vida dos milhões de cidadãos que estão depositando no meio de comunicação escolhido por eles, a confiança de estarem adquirindo uma informação precisa, de qualidade e válida para sua vida.

Por que divulgar apenas notícias supérfluas ou banais a preços acessíveis à maior parte da população? A intenção é de mascarar as verdadeiras notícias dos longínquos olhos da população? Ou é de apenas criar um sentimento de satisfação e desencarno de consciência no cidadão que lê os tablóides?

Não podemos cair no erro de culpar a população por procurar apenas notícias de futebol e fofocas, porque é o próprio jornalismo contemporâneo e nós comunicadores que levamos este conteúdo a eles. Temos que nos conscientizar de nossa parte para cobrar a deles devidamente. Por que não criar um tablóide de 25 ou 50 centavos ou mesmo 1 real com notícias imparciais, bem elaboradas e de conteúdo relevante? Será que os tablóides atuais não se sentiriam envergonhados e mesmo ameaçados por um veículo de qualidade superior na área?

No link abaixo há mais informações e conteúdo sobre o sentido do jornalismo e a forma de se produzir as notícias corretamente segundo os princípios do meio.

domingo, junho 11, 2006

Jonalismo não é ficção!

O espírito da variedade atingiu em cheio as redações do SUPER NOTÍCIA e AQUI na sexta-feira, 2 de junho.

Comparando-se apenas as manchetes da capa dos dois tablóides, 3 notícias são sobre o mesmo tema, o que acaba diferenciando as chamadas de capa dentre os dois veículos analisados são as promoções do SUPER que acabaram tomando quase meia página. O AQUI por sua vez preferiu “encher” a página com fotos maiores e algumas manchetes a mais.

Infelizmente não pude scannear a página toda devido ao tamanho da mesma, mas consegui colocar as partes que englobam as três manchetes já citadas acima. Coincidentemente ou não, as capas exemplificam os tipos de notícias preferenciais do jornal (mulher, violência e futebol), o problema é que nesta edição o AQUI “escondeu” um pouco as manchetes de futebol para destacar a notícia principal do veículo que era o assalto a secretaria de saúde.
Para ilustrar o que estou dizendo, disponibilizo abaixo, a parte da capa com as chamadas. Para quem não se encontra na grande BH e não tem acesso aos tablóides é uma oportunidade de visualiza-los e observarem por si mesmos o design e a formatação do tablóide.


Comparadas as capas, agora é a vez de comparar os conteúdos. Para isso, escolhi as duas matérias principais dos dois tablóides, coincidência ou não, as reportagens deram em média meia página nos dois jornais e o conteúdo e linguagem utilizados também foram semelhantes. Ambas foram feitas baseadas em depoimentos, assim como as reportagens dos outros veículo.
Tirando o fato mais interessante da reportagem que é o assalto ter sido em frente a polícia e esta nem desconfiar da movimentação, vamos analisar a publicação jornalística em si.

Fica claro nas reportagens a falta de apuração da notícia, o conteúdo em si é praticamente o mesmo entre os dois tablóides, mas como parece que todos os jornais pegaram fontes parecidas ou talvez a mesma, as matérias ficaram muito parecidas quanto ao relato do incidente. O que me chamou a atenção foi que para o SUPER, os bandidos fugiram de Audi. Enquanto para o AQUI, eles fugiram pelos telhados. Os demais veículos optaram por não falar como foi a fuga, somente comunicaram que eles fugiram, mas não citaram a forma, como uma forma de não cometerem o mesmo erro dos dois tablóides que para aumentar a polêmica e cobertura do fato, publicaram um informação que não procede ou que pelo menos não foi confirmada oficialmente.

Abaixo encontram-se as duas reportagens, respectivamente do AQUI e do SUPER NOTÍCIAS.



Já o link abaixo refere-se a cobertura da reportagem do jornal Hoje em Dia, publicada no mesmo dia. Nesta reportagem percebe-se que o jornal preferiu não comentar detalhes da fuga, o mesmo ocorreu no MG Tv.

http://www.hojeemdia.com.br/v2/busca/index.php?data_edicao_anterior=2006-06-02

domingo, maio 28, 2006

Sinais de uma posível melhora...

O jornal AQUI está lançando uma pesquisa em que o leitor do jornal pode enviar sugestões e opiniar sobre o tipo de matéria que prefere ler no períódico, segundo eles com o intuito de melhorar o conteúdo do jornal.

Estou escrevendo este post hoje com a esperança de que esta pesquisa ao menos minimize os muitos aspectos negativos dos quais já comentamos neste blog. O melhor é que para que esta mudança ocorra, basta empenharmos em enviar boas sugestões e fazermos críticas concientes a
respeito desta temática, assim como, cobrarmos as respostas por parte do jornal nas edições posteriores a publicação do resultado da pesquisa.

Poderiamos utilizar desde blog para fazer uma pesquisa parcial, principalmente entre o público universitário que é o público alvo desde blog. Dêem suas sugestões sobre possíveis áreas falhas no periódico e quais as possíveis medidas a serem tomadas para alavancar a qualidade não só dos temas tratados, mas também da forma como estes são trabalhados. Aqui vocês também tem voz, contem-nos suas opiniões, utilizem-se do link para comentários logo abaixo. Ao menos eu,
proporei ao jornal começar sua reestruturação editoral contratando alguns jornalistas que ficariam incumbidos de analisar as notícias e desenvolverem suas próprias matérias voltando-se para assuntos de maior relevância e outros de maior interesse dos leitores.

A ideia parece utópica frente ao quadro deprimente no qual encontramo-nos atualmente, mas são ideiais grandes que constroem obras grandiosas, somente assumindo nossa responsabilidade e arregaçando as mangas é que trasformaremos o jornalismo em um instrumento de inclusão
social, um elo entre cidadão e informação. Só depende de nós colocarmos a COPA de lado por alguns instantes e deixarmos o imediatismo futebolísco para os jogadores, enquanto isso, nós, meros torcedores, vamos tentando arrumar as coisas por aqui...

domingo, maio 21, 2006

Nada se cria. Tudo se copia. E maaaal.....

Só para variar, o problema dos tablóides começa com seu baixo preço, fator que os impossibilitam de arcar com sua própria equipe de repórteres, levando-os assim a "apossar-se" das matérias já veiculadas nos dois jornais que deram origem a eles, Estado de Minas (AQUI) e O Tempo (Super Notícia).Além de ser um desrespeito aos profissionais que não recebem nada a mais por terem suas matérias veiculadas em dois jornais distintos, também é um fator que ajuda a enxugar ainda mais o escasso quadro de empregos disponíveis para jornalistas na Grande BH.
O processo de reaproveitamento editorial é bem simples. Um editor do tablóide lê uma determinada reportagem veiculada ao jornal principal. Neste, a notícia encontra-se bem trabalhada, analisada e contextualizada com a história daquele fato e nossa realidade. Geralmente o jornalista encontra espaço suficiente para desenvolver um raciocínio lógico e esclarecedor para seu leitor, obtendo assim, meios suficientes para publicar uma matéria de qualidade nos jornais convencionais. Uma vez que o editor do tablóide encontra-se então com a reportagem pronta, cabe a ele apenas lê-la e reduzi-la para os padrões do tablóide. O grande problema é que ao realizar a alteração, a matéria se reduz a um texto muito simplório frente ao assunto trabalhado, perde sua capacidade de formador de opinião, apresenta a matéria de forma superficial e sem conteúdo. Ou seja, torna o texto apenas uma fonte de informação descontextualizada, onde o leitor só terá acesso ao fato em si de forma bastante sucinta e não conseguirá emitir uma opinião própria e correta apenas baseando-se no texto em questão.
Para ilustrar (literalmente) o que estou dizendo, irei disponibilizar logo abaixo a coluna da Dad Squarisi que saiu no Jornal AQUI desta terça-feira, dia 16. Ela mantém uma coluna no caderno de cultura do Estado de Minas onde aborda assuntos ligados a língua portuguesa e geralmente publica dicas de gramática e ortografia.
É... Ela também não escapou do Ctrl C + Ctrl V!